Acompanhando o início de um novo ano, tenho sempre o novo ano da minha vida. Fiz 35. Esses 35 me pegaram sabe. Pela primeira vez a idade me incomodou um bocadinho. Não tive um aniversário feliz, nem tampouco um natal ou ano novo. Um acidente, uma morte sempre nos choca, sempre nos assusta, lemos todos os dias nos jornais sobre essas coisas, mas quando elas são só letras impressas em um papel a gente se chateia, acha triste, mas vira a página e esquece.
Quando isso acontece ali, do nosso lado, com uma criança, isso nos apavora. Nos desespera a vida roubada de quem partiu, nos aflige a dor insuportável de quem fica, nos tortura todos os questionamentos que pipocam na nossa cabeça o dia inteiro. Tantas são as perguntas sem resposta. Não há fé que não se abale diante de uma tragédia. Não há pessoa que não se dê conta da fragilidade humana. Ah, somos tão pequenos, tão nada.
E como distorcemos as coisas, como valorizamos as bobagens em detrimento daquilo que realmente importa. Tolos. Somos todos um bando de tolos buscando um futuro que não nos pertence.
Eu sempre tive pressa. Uma pressa não sei de que.
Um ano e meio de terapia me fazem ter mais clareza dos meus erros, me fazem encarar de frente a forma como eu me boicoto.
Eu passei a vida com medo. Medo de não ser amada, medo de não ser admirada, respeitada, cuidada, gostada. Esse medo me fazia ser a mais Poliana das Polianas, pra ter as pessoas por perto eu fingia que não via o mal que elas me causavam, pra ser admirada eu assumia mais responsabilidades do que era capaz de dar conta. Eu me virava em mil e nunca sobrava tempo pra mim. Me coloquei de lado tantas e tantas vezes. Eu simplesmente aprendi a não sentir as coisas.
Uma ilusão de segurança. E como eu me sentia segura nesse papel tão conhecido.
Claro que eu descontava em algum lugar. Na comida, nas horas de sono e, por último nas crises de asma.
O sono que me fez encarar a terapia. Em 72 horas eu dormi apenas 9 horas. Desesperador.
As mudanças são dificeis e doloridas sempre. Mudar é sempre lento.
Eu já me sinto mais segura de quem eu sou e para onde quero ir.
Tenho 35 anos, e, a princípio me apavorou a idéia de ter metade de 70 anos.
Mas junto com esse novo ano meu e do calendário fica a determinação na mudança. Eu vou parar de ter pressa pra ser feliz amanhã, eu quero ser feliz hoje.
Em 2009 com 35 anos, eu quero:
- Passar mais tempo com a minha filha (para isso ela vai estudar pela manhã e eu não vou trabalhar 3 tardes por semana)
- Aprender a deixar para depois o que pode ser deixado para depois
- Conversar menos sobre trabalho com o amado marido
- Ser menos controladora e centralizadora
- Fazer uma atividade física regularmente (vou começar com hidroginástica 4 vezes por semana)
- Comprar uma bicicleta e sair pra pedalar com a Natália aos domingos
- Emagrecer (o suficiente pra me sentir bem e com saúde, isso pode significar 2, 5 ou 10 kilos, não almejo um padrão estético e sim não usar o "comer" como muleta)
- Me permitir depender das pessoas e confiar que elas podem cuidar de mim
- Trabalhar o suficiente pra pagar as contas e ter algum conforto e lazer e não ser consumida pelo medo de ficar sem dinheiro no futuro
- Comprar menos (para isso tenho adotado a prática de me perguntar "tu realmente PRECISA disso?)
- Dizer não quando eu não quero ou não posso alguma coisa (não me sentir culpada depois)
- Dormir antes das 23 horas em dias de semana
- Terminar minha casa (quiosque, piscina, reforma da lavanderia, projeto do jardim de inverno e móveis da sala de estar)
- Engravidar
* E agora que o ano realmente começou eu vou ali pagar o IPVA, o IPTU e a escola da Natinha, porque sim, algumas coisas continuam sempre iguais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Adorei o último item da lista.... Vou adorar acompanhar as novas aventuras.... Beijão e um feliz ano novo.....
Oi Andrea:
Passei para te desejar um feliz 2009. Passeei pelos posts que ainda não tinha visto, fiquei triste com a história do Mateus, senti daqueles apertos brabos no coração.
Não sei o que houve, mas desejo que todos se confortem. Força, coragem.
Deixo os votos sinceros para um ano de paz e saúde, beijos grande para Natinha, que continue crescendo e seja feliz com vocês.
ah, e AUbraços para o cliford.
Lara, estamos praticando, vamos ver se vem logo :o)
Ana, obrigada querida, beijos.
Postar um comentário