terça-feira, 7 de agosto de 2018

 Tanto tempo que não venho aqui.

No meio de uma crise de insônia, às 4 da madrugada fiquei saudosista. Como aquela tia velha, no almoços de família, que fica repetindo "no meu tempo é que era bom".

Eu curto o Facebook. Mas hoje não quis escrever lá. Não queria os comentários de ah toma chá de casca da árvore do egito ou, tu não tem motivo para estar assim, pelo amor de Deus Andrea, olha pra quem tem problema de verdade, tem gente passando fome na rua. Eu sei. Tá? Sei tudinho, tudinho dos meus privilégios.

Eu só estou em uma crise de ansiedade. E para passar por ela, reclamar um pouco da vida é bom.

A gente acredita nos comerciais de margarina e aí não consegue lidar com o cotidiano da vida. Simples assim.

Não precisa o mundo declarar a terceira guerra mundial. Pode ser aquele dia que tá frio demais, que as crianças estão chatas, que o marido tá roncando, que o cliente não te pagou, que a sentença foi improcedente. Pode ser só isso. Ou não.

Quem tem ansiedade sabe que o mundo não acaba por essas coisas. Mas a gente sente elas todas.

As gurias estão tão grandes. E lindas. Me dão tanto orgulho. Faz tanto tempo dessa vida de blog, eu estava grávida da Nati. Ela tem 15 anos agora. Andressa tem 7. Não, 7 não, quase 8, segundo ela.

Elas são meninas felizes. O que me faz acreditar que eu estou fazendo tudo certo.

Dá uma vontade tão grande de fugir pra uma ilha, pra uma bolha, para um universo paralelo para protegê-las.

Um menino da escola da Nati, com 16 anos, se matou. Hoje ela me diz "mãe quero ser cremada" como quem diz "vou ali comer um pão de queijo". Isso me revira, me bagunça, me dá um desespero.

Eu penso na mãe do menino. Não os conheço e aqui, às 5 da madrugada eu só consigo pensar na dor deles. Na dele que o levou a desistir e na dela que precisa lidar com isso.

Quando engravidei não sabia que seria tão difícil. Amar tanto outras pessoas é a coisa mais difícil da vida. Dá medo.