segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Querido diário...

Hoje minha Natinha voltou as aulas, final das férias de inverno. Amado marido me acordou às 06:30 hs, e o tio do rádio dizia que estava fazendo 4 graus. Eu juro que pensei em mandar o mundo pro inferno e continuar na minha cama quentinha. Depois de uma noite inteira levantando pra fazer xixi e pensando em como seria bom usar uma sonda, sair da cama não é uma boa idéia.

Natinha chorou ao ser acordada, pediu, implorou e não queria de jeito nenhum levantar. Procurei dentro de mim o imenso amor que tenho por ela e munida de toda paciência do mundo cantei musiquinhas, fiz cosquinhas, dei beijos e abraços até ela despertar e levantar. Confesso que precisei contar até dez antes, porque a vontade era de dar uns berros. Mas ela não tem culpa dos meus problemas e do meu mau humor.

O que vestir meu Deus??? Paro por uns dois minutos em frente do closet pensando no que me servia. Duas calças jeans me servem. Opto pela mais confortável e uma básica verde GG que comprei pra cobrir a barriga e um casacão que não fecha. Uma coisa linda de se ver. Meio no escuro peguei meias vermelhas pensando que eram pretas. Oi!? Sacrifício pra colocar e depois me dar conta. Dane-se, nessa altura do campeonato vai essa mesmo. Mas sapatilha não vai dar. Dane-se de novo, vou de tênis, sorte que tenho um prateado que não é esportivo. Será que preciso mesmo me maquiar?? Preguiça.

Mas barriguda, mal vestida e de cara lavada não vai dar. Pego todas as coisas de maquiagem, um espelho e sento na cama. Não dá mais pra ficar em pé na frente do espelho depois de toda maratona pra me vestir.

A única coisa boa do dia é chegar na cozinha e ter meu suco de laranja e minha metade de mamão papaya com linhaça dourada já me esperando. Esse meu marido é um querido. Claro que essa quantidade de comida já me aperta o estomago e me deixa sem ar. Engulo o comprimido da vitamina muito contrariada, mas ciente de que a Andressa precisa disso. Afinal a mãe dela está bem anêmica.

Escritório. Prazos. Telefonemas. Juro que é a última semana que trabalho. Passo levantando pra ir no banheiro. Vontade de chorar escondida. Atendo um cliente e prometo que ainda estarei trabalhando daqui duas semanas.

Marido atucanado e eu resolvo ir sozinha comprar material elétrico que o eletricista precisa pra terminar de montar o quarto da Natália a tarde.

Caminho uma quadra até a loja e quase morro. Chego lá e fico procurando uma cadeira pra sentar um pouco. Não tem. Deixo cair as fichas de atendimento, todas. Ameaço me abaixar para juntar e desisto. Dane-se, pedi pra uma senhora de uns 65 anos que estava atrás de mim. Vergonha. Mas dane-se. Me arrasto até o escritório de novo. Pontadas no baixo ventre. Cólicas. Cutucão nas costelas.

Trabalho mais um pouco. Rogo praga para uns 3 desembargadores e duas juízas. Hora de buscar a filha na escola.

Não consigo almoçar mesmo com o marido insistindo muito. Comi um pedacinho de aipim e um tomate cereja e fiquei sufocada.

Preciso da minha cama. Em 20 minutos terei a casa cheia de novo.

Marceneiros e eletrecistas. Cheiro de madeira, barulho, furadeira. O povo me pede coisas de 5 em 5 minutos.

O raio do cachorro escapa pro jardim de inverno e eu não vejo. Ele descobre o cesto do lixo orgânico e vira tudo. Só não descontei toda raiva que eu estou, nele porque, óbvio, ele é mais rápido que eu. Levo uns dez minutos pra limpar tudo. Juro que vou afogar o diabo do cachorro na piscina. Ele que não é bobo se enfiou na casa dele e aposto que só sai de lá quando o marido chegar.

O eletrecista resolve ouvir música lá no quarto. Gente feliz me irrita. Ouvindo sertanejo universitário me faz ter pensamentos homicidas.

Penso em ligar pro marido e chorar no telefone. Tenho certeza que sou ridícula e que devo deixar o pobre trabalhar em paz. Afinal as contas precisam ser pagas.

Eu já disse que odeio segundas? Pois então...
Preciso ir ali fazer xixi de novo...

Nenhum comentário: