Hoje minha Natinha voltou as aulas, final das férias de inverno. Amado marido me acordou às 06:30 hs, e o tio do rádio dizia que estava fazendo 4 graus. Eu juro que pensei em mandar o mundo pro inferno e continuar na minha cama quentinha. Depois de uma noite inteira levantando pra fazer xixi e pensando em como seria bom usar uma sonda, sair da cama não é uma boa idéia.
Natinha chorou ao ser acordada, pediu, implorou e não queria de jeito nenhum levantar. Procurei dentro de mim o imenso amor que tenho por ela e munida de toda paciência do mundo cantei musiquinhas, fiz cosquinhas, dei beijos e abraços até ela despertar e levantar. Confesso que precisei contar até dez antes, porque a vontade era de dar uns berros. Mas ela não tem culpa dos meus problemas e do meu mau humor.
O que vestir meu Deus??? Paro por uns dois minutos em frente do closet pensando no que me servia. Duas calças jeans me servem. Opto pela mais confortável e uma básica verde GG que comprei pra cobrir a barriga e um casacão que não fecha. Uma coisa linda de se ver. Meio no escuro peguei meias vermelhas pensando que eram pretas. Oi!? Sacrifício pra colocar e depois me dar conta. Dane-se, nessa altura do campeonato vai essa mesmo. Mas sapatilha não vai dar. Dane-se de novo, vou de tênis, sorte que tenho um prateado que não é esportivo. Será que preciso mesmo me maquiar?? Preguiça.
Mas barriguda, mal vestida e de cara lavada não vai dar. Pego todas as coisas de maquiagem, um espelho e sento na cama. Não dá mais pra ficar em pé na frente do espelho depois de toda maratona pra me vestir.
A única coisa boa do dia é chegar na cozinha e ter meu suco de laranja e minha metade de mamão papaya com linhaça dourada já me esperando. Esse meu marido é um querido. Claro que essa quantidade de comida já me aperta o estomago e me deixa sem ar. Engulo o comprimido da vitamina muito contrariada, mas ciente de que a Andressa precisa disso. Afinal a mãe dela está bem anêmica.
Escritório. Prazos. Telefonemas. Juro que é a última semana que trabalho. Passo levantando pra ir no banheiro. Vontade de chorar escondida. Atendo um cliente e prometo que ainda estarei trabalhando daqui duas semanas.
Marido atucanado e eu resolvo ir sozinha comprar material elétrico que o eletricista precisa pra terminar de montar o quarto da Natália a tarde.
Caminho uma quadra até a loja e quase morro. Chego lá e fico procurando uma cadeira pra sentar um pouco. Não tem. Deixo cair as fichas de atendimento, todas. Ameaço me abaixar para juntar e desisto. Dane-se, pedi pra uma senhora de uns 65 anos que estava atrás de mim. Vergonha. Mas dane-se. Me arrasto até o escritório de novo. Pontadas no baixo ventre. Cólicas. Cutucão nas costelas.
Trabalho mais um pouco. Rogo praga para uns 3 desembargadores e duas juízas. Hora de buscar a filha na escola.
Não consigo almoçar mesmo com o marido insistindo muito. Comi um pedacinho de aipim e um tomate cereja e fiquei sufocada.
Preciso da minha cama. Em 20 minutos terei a casa cheia de novo.
Marceneiros e eletrecistas. Cheiro de madeira, barulho, furadeira. O povo me pede coisas de 5 em 5 minutos.
O raio do cachorro escapa pro jardim de inverno e eu não vejo. Ele descobre o cesto do lixo orgânico e vira tudo. Só não descontei toda raiva que eu estou, nele porque, óbvio, ele é mais rápido que eu. Levo uns dez minutos pra limpar tudo. Juro que vou afogar o diabo do cachorro na piscina. Ele que não é bobo se enfiou na casa dele e aposto que só sai de lá quando o marido chegar.
O eletrecista resolve ouvir música lá no quarto. Gente feliz me irrita. Ouvindo sertanejo universitário me faz ter pensamentos homicidas.
Penso em ligar pro marido e chorar no telefone. Tenho certeza que sou ridícula e que devo deixar o pobre trabalhar em paz. Afinal as contas precisam ser pagas.
Eu já disse que odeio segundas? Pois então...
Preciso ir ali fazer xixi de novo...
Batata doce douradinha
Há um mês
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