E a vida toma seu rumo...

É engraçado como a vida da gente simplesmente para com um diagnóstico de doença. Eu sei que, efetivamente, ainda não acabou. Ainda falta o resultado da biópsia do tumor, que ainda falta a tal "busca" na dermatologista, que ainda falta a consulta com o oncologista. Sim, eu ainda tenho um curativo gigante nas costas, pontos e tenho o movimento do braço limitado. Mas a minha vida estava suspensa. Parada paradinha porque eu precisava que o médico me abrisse e visse que eu não estava com um treco gigante me destruindo por dentro. Fiquei aliviada ao ver o tal câncer e não, não o achei grande, apesar de muitos acharem. Eu tinha medo, muito medo de estar tomada, desse treco estar literalmente atravessando minhas entranhas.

Estou aqui cheia de planos, cheia de vida, e são pedro nos deu um domingo lindo de sol, e, apesar de estar cheirando a praia, de tanto filtro solar que eu uso agora, eu estou me sentindo viva e feliz.

Quero ter outro filho, apesar de morrer de medo disso. A gente pensa que está tudo tão bem, e tem receio, receio desse mundo esquisito, receio da violência, receio das contas que aumentarão, de tudo que precisará ser dividido por dois, mas eu quero, amado marido quer, filhota sempre quis. A partir de dezembro não evitaremos mais filhos e pronto.

Decidimos deixar a obra do quiosque e da piscina para o próximo ano, pretendemos viajar em janeiro (nordeste, provavelmente Bahia) e não nos estressarmos com obras e pedreiros. Final do ano está aí e queremos relaxar e curtir, com calma e felicidade. A mesma felicidade que sentimos agora pouco, de mãos dadas sentados na frente de casa, tomando um chimarrão enquanto a nossa filha e sua amiga, deitadas no chao desenhavam arco-irís em pedacinhos de madeira.

Eu não quero mais ter pressa, eu não quero mais me cobrar tanto, eu não quero mais perdoar e fingir que esqueci. Eu quero perto de mim quem se importa, quem vale a pena. Eu não vou mais engolir mágoas e ressentimentos fingindo que tá tudo bem. Porque dói sabe. Cansa.